A volta da extração do minério em Mariana, de forma responsável, é um tema em pauta desde o rompimento da barragem de Fundão, que afetou a vida de centenas de pessoas diretamente e, de milhares, indiretamente. A queda da arrecadação após a tragédia afetou diretamente a administração municipal e a morosidade para que a prática volte levou o prefeito Duarte Júnior realizar uma coletiva de imprensa na noite de hoje, 13, para pontuar os prejuízos, a morosidade e a aparente falta de vontade, por parte das empresas Vale e BHP.
De acordo com Duarte, desde novembro do ano passado a Samarco já possui a licença para iniciar as atividades, mas após sete meses nada foi feito. “Não podemos permitir que haja mais prejuízos para nosso povo. Essa situação tem me incomodado muito. Fizemos todas as audiências e demostramos o interesse da extração continuar de forma sustentável e respeitando o meio ambiente”, pontua o prefeito.
Durante a coletiva, o prefeito Duarte Júnior expôs, o que para ele, o não retorno das atividades parece ser puro interesse financeiro por parte das empresas detentoras das ações da Samarco. As informações iniciais era que o retorno não acontecia pela não permissão do poder judiciário, o que discorda o prefeito. “O que parece é que a Vale vem tentando desvalorizar a Samarco para comprar sua parte junto a BHP. Lembro-me da entrevista do presidente da empresa da Vale e ele falava em responsabilidade social, e isso não acontece e parece que nem vai acontecer. Não há uma autonomia, pois há meses a Samarco possui a licença para iniciar a reparação da cava de Alegria sul. Isso é um absurdo”, afirma Duarte.
Duarte Júnior ainda informou que irá procurar apoio como presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, bem como a Câmara Federal, Senado e informar as bolsas de valores de São Paulo e Nova York que a BHP e a Vale têm os interesses econômicos acima dos interesses sociais. “Não vou permitir que nos usem como fizeram, porque nosso povo não pode mais sofrer com essa situação. Não estamos falando de retorno, mas sim da possibilidade da cava receber esses rejeitos. O que acontece é que a Vale reativou a mina de São Luís do Maranhão, que hoje supre todo o mercado interno e externo. É cômodo a empresa continuar com essa mina e, no nosso entendimento, o retorno da Samarco aumentaria a demanda de produtos, fazendo com que o preço caia, o que não é viável para a Vale”, pontuou.
Solicitação de abertura de procedimento administrativo
Outro ponto abordado pelo prefeito Duarte é a forma como a detenção do minério é entregue as empresas. Citando os trâmites da venda do pré-sal, Duarte pontuou que o Governo Federal arrecadou mais de R$ 2 bilhões com o processo em forma de licitação, o que não acontece com a extração minerária. “A riqueza do nosso minério é incalculável. Se houvesse uma licitação a nossa arrecadação seria extraordinária. Simplesmente repassam esse poder as empresas privadas”, finaliza o prefeito informando ainda que atitudes importantes serão tomadas para mudar o quadro atual, como o envio de um documento ao ministro de Minas e Energia para que seja aberto um procedimento administrativo para análise do artigo 65 do Código da Mineração, que está sendo desrespeitado.
Foto: Raissa Alvarenga | Prefeitura de Mariana