Gerdau suspende atividades em Barão de Cocais


Segundo sindicato, 487 funcionários foram demitidos da siderúrgica e o impacto no município pode ser ainda maior

31/05/2024 às 14h30

 

A Gerdau suspendeu, dia 27 de maio, as atividades da usina de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais. A siderúrgica gaúcha informou que implantará a “hibernação da unidade”, o que resultará na paralisação das operações. “Os custos elevados de matérias-primas e a insuficiência da produção de minério de ferro próprio, em Minas Gerais, somados a uma estrutura com menor nível de atualização tecnológica da usina estão afetando diretamente a competitividade da unidade frente ao cenário desafiador do setor. A medida está em linha com o planejamento estratégico da empresa de otimização de ativos”, disse a companhia.

 

O Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais informa que 487 funcionários foram demitidos da siderúrgica e o impacto no município pode ser ainda maior, atingindo mil trabalhadores quando considerados os empregados de empresas terceirizadas. A Gerdau não deu detalhes sobre as demissões. No comunicado, a Gerdau ressaltou que está empenhada em conduzir o processo de “hibernação” da usina de forma humanizada, para reduzir os impactos aos colaboradores e às comunidades próximas. O grupo reiterou que buscará realocar o máximo possível de profissionais em outras unidades e oferecerá programas de capacitação na área industrial, além de promover a gestão com foco em empreendedorismo para a população do entorno da usina. A Gerdau reforçou ainda que “segue com a manutenção de um diálogo aberto e transparente com todas as partes interessadas e que o atendimento aos clientes se manterá inalterado”.

 

Desde 2023, a Gerdau e outras siderúrgicas enfrentam problemas que acarretam baixas nos resultados, demissões e redução no volume produtivo. O principal motivo é a entrada de aço chinês, que dominou o mercado nacional. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, cinco milhões de toneladas de aço entraram no mercado brasileiro no último ano, o que representa um crescimento de 50% na comparação com 2022.

 

O nível de importados continua crescendo em 2024 e, até abril, já atingiu 449 mil toneladas, patamar acima da média mensal do último exercício, de 419 mil toneladas, segundo a entidade. Com importações recordes, a Gerdau decidiu tomar medidas para diminuir prejuízos e sustentar os negócios. Houve o recuo na produção de várias usinas – de Norte a Sul do País –, paralisação de outras unidades e a dispensa de mais de 700 funcionários, além das suspensões temporárias de contratos de trabalho e as turmas que entraram em férias coletivas. No que diz respeito aos resultados financeiros, o lucro líquido da companhia recuou 41% no ano passado, no confronto com igual período anterior, para R$ 6,9 bilhões, por reflexo da situação adversa. No primeiro trimestre deste ano, a forte pressão continuou e o lucro foi reduzido em 48%, para R$ 1,2 bilhão, na comparação com os primeiros três meses de 2023.

 

Recentemente, o Governo Federal estabeleceu cotas de importação para 11 produtos siderúrgicos e elevou para 25% a alíquota sobre o excedente para tentar conter o excesso de aço importado e ajudar as siderúrgicas. A norma entrará em vigor em 1º de junho, com validade de 12 meses. O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, reconheceu a importância da medida, mas disse que é apenas um passo inicial e que não resolve totalmente os problemas do setor. Para ele, é necessária uma solução estrutural, que passa por debates mais amplos, como o de redução dos preços do gás.


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