Vale avança em projeto de mineração próximo ao Parque da Serra do Gandarela

Foto: ICMBio / Divulgação

Debates sobre a licença prévia para o projeto Apolo, que permitirá mineração em área protegida, levantam preocupações ambientais

23/05/2024 às 10h47

 

Após 15 anos de paralisação, o projeto Apolo da Vale, que visa minerar nas proximidades do Parque da Serra do Gandarela, entre Caeté e Santa Bárbara, avança para a fase de debate do plano de licença prévia. Questões pendentes incluem a compensação ambiental pela remoção de vegetação em uma área de 13 quilômetros quadrados, maior que o centro de Belo Horizonte. A Vale promete compensar até três vezes a vegetação removida, mas a indefinição do local preocupa ambientalistas, que temem maior exposição da região a eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e calor excessivo.

 

O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), apresentado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em setembro do ano passado, propõe substituir a biodiversidade local por áreas de lavra, com pilhas de estéril, prédios industriais e diques. Este tema está sendo debatido em audiências públicas em Santa Bárbara e Caeté.

 

Lauro Amorim, diretor de licenciamento ambiental da Vale, afirma que o diálogo com a comunidade será mantido em todas as etapas e que há previsão de reflorestamento. "Teremos compensação, revegetação progressiva e medidas para evitar a emissão de particulados. No fim do período de exploração, de aproximadamente três décadas, faremos o fechamento da cava aberta", assegura.

 

Segundo o Código Florestal Brasileiro, a compensação deve ocorrer em área próxima à bacia hidrográfica afetada, o que pode incluir outras cidades, preocupando ambientalistas. Fernanda Raggi, bióloga e engenheira ambiental, alerta para o desequilíbrio ecológico que a remoção da vegetação pode causar, impactando o clima da região.

 

Minas Gerais já enfrenta vulnerabilidade climática, com 437 municípios sob risco elevado de desastres naturais. O projeto Apolo pode agravar a situação em cidades próximas ao Parque da Serra do Gandarela, que apresentam diferentes níveis de vulnerabilidade.

 

Maria Teresa Corujo, ambientalista, destaca a importância da região para o abastecimento hídrico e a segurança climática, alertando para os danos potenciais do projeto. Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, reforça a necessidade de proteção da área devido ao seu manancial significativo.

 

O projeto está na Zona de Amortecimento do Parque da Serra do Gandarela, onde atividades são sujeitas a normas específicas para minimizar impactos negativos. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ainda não recebeu pedido de autorização, mas participará das audiências públicas.

 

A Vale pretende mitigar os impactos climáticos com tecnologias sustentáveis e monitorar o material empilhado para evitar erosão e contaminação do solo. O projeto Apolo, se aprovado, espera obter a licença prévia ainda este ano e iniciar as obras com um investimento de mais de R$ 4 bilhões, produzindo 14 milhões de toneladas anuais de minério de ferro por 29 anos.

 


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