A busca das melhores soluções para a reparação dos impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), é o foco do acordo de cooperação técnica que acaba de ser assinado entre a Fundação Renova e a Universidade Federal de Viçosa (UFV). O trabalho de recuperação socioeconômica e socioambiental envolve desafios inéditos relacionados a manejo de rejeitos, restauração florestal, melhoria da qualidade da água, desenvolvimento de economias locais de municípios afetados, entre outros.
A UFV é a primeira universidade a assinar um acordo de cooperação técnica com a Fundação Renova. O acordo é voltado para o desenvolvimento de projetos e pesquisas que poderão contribuir para compreender e reparar os impactos ambientais e trazer novas perspectivas para a população atingida. O documento foi assinado na sede da Fundação Renova, em Belo Horizonte, pela reitora Nilda Soares e pelo presidente da Fundação, Roberto Waack.
Durante a assinatura, Waack disse esperar que esse acordo seja apenas o início de uma parceria produtiva. “Temos um longo caminho pela frente e contamos com a UFV para construir um legado no enfrentamento desse grande desafio.” Para a reitora Nilda Soares, a UFV tem um grande potencial para contribuir na minimização dos impactos causados pela tragédia. “Como instituição pública, temos o compromisso de atuar estrategicamente na Bacia, na recuperação do meio ambiente e no apoio aos atingidos. Esperamos que esse acordo contribua para o engajamento da universidade nesse processo e para o desenvolvimento da pesquisa científica aplicada”, ressaltou.
O próximo passo será a contratação de projetos na área ambiental e florestal – já em tramitação – e a realização de um workshop para reunir pesquisadores e a equipe técnica da Fundação Renova para definição de linhas de pesquisa e elaboração de planos de trabalhos. A expectativa é de que o workshop seja realizado em fevereiro. Também está previsto um mapeamento de pesquisas já existentes na universidade e que possam contribuir com as ações da Fundação Renova. Trabalhos relacionados com a microbiologia do solo ou o manejo dos rejeitos são exemplos.
O líder de programa socioambiental da Renova, Lucas Scarascia, afirmou que a respeitabilidade da UFV e a localização dela na Bacia do Rio Doce favorecem a contribuição para os programas da Fundação. “Há uma grande bagagem científica que pode auxiliar em diversos trabalhos não só da área ambiental ou de produção agrícola, mas também no que se refere ao desenvolvimento social e econômico das regiões impactadas”, observa. “Há uma extensa gama de oportunidades que poderão ser aproveitadas na prática”, reforça.
Segundo o diretor de Relações Institucionais da UFV, Alair Freitas, o acordo firmado ampara institucionalmente as relações dos pesquisadores com a Fundação sem ferir a autonomia dos projetos que serão firmados. “O acordo formaliza a parceria e define o relacionamento entre as instituições, servindo de base para a construção de projetos em diversas áreas, de recuperação ambiental e reativação econômica de comunidades impactadas”, diz.
Engajamento
Antes da assinatura, a Diretoria de Relações Institucionais da UFV (RLI) promoveu uma série de eventos para reunir pesquisadores com interesse e expertise em pesquisas nas áreas focais da Fundação Renova, buscando a institucionalização dessa parceria e o engajamento dos interessados.
Reuniões foram feitas com a presença de mais de 60 pesquisadores para compreensão dos programas criados pela Renova e discussão de formas de contratação da universidade para pesquisa e extensão. Em um dos eventos, a diretora de Desenvolvimento Institucional da Renova, Andrea Azevedo, apresentou os interesses da Fundação, os fluxos e normas para apresentação de projetos.
Sobre a Fundação Renova
A Fundação Renova é uma instituição autônoma e independente constituída para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. Entidade privada, sem fins lucrativos, garante transparência, legitimidade e senso de urgência a um processo complexo e de longo prazo. A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.
Crédito da foto: Divulgação / UFV