O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Minas Gerais e Espírito Santo intensificou suas ações em Brasília nesta semana, em protesto contra a proposta das mineradoras Vale, Samarco e BHP para repactuar a tragédia de Mariana, que em novembro completará nove anos. O rompimento da barragem de Fundão, em 2015, resultou na morte de 19 pessoas e devastou extensas áreas nos dois estados.
Na quarta-feira (7), representantes do MAB entregaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressando seu repúdio à proposta das mineradoras, considerada insuficiente para as reparações devidas. O documento também solicita uma audiência com o presidente para discutir um processo mais inclusivo para os atingidos e a responsabilização efetiva das empresas envolvidas.
Durante os protestos em Brasília, o MAB organizou um ato em frente ao Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), denunciando uma intervenção da mineradora BHP que, segundo o movimento, tenta mover uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar municípios que buscam indenizações na justiça inglesa. À tarde, o MAB participou de uma reunião com governos e mineradoras, onde reiterou suas críticas à exclusão dos atingidos nas mesas de negociação e rejeitou as propostas apresentadas pelas empresas.
Na terça-feira (6), a Justiça Federal condenou Samarco, Vale, BHP Billiton e a Fundação Renova a pagarem R$ 56 milhões por danos materiais e morais, devido a uma campanha publicitária sobre as medidas reparatórias da tragédia na bacia do Rio Doce. Cabe recurso à decisão.
Carta ao Presidente Lula:
Excelentíssimo Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Nós, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), viemos por meio desta expressar nosso mais profundo repúdio ao valor proposto pelas mineradoras BHP e Samarco para as indenizações e reparações referentes à tragédia de Mariana. Consideramos a oferta das empresas extremamente insuficiente e um desrespeito às milhares de famílias que ainda sofrem com as consequências do rompimento da barragem de Fundão. Não aceitamos que nossas vidas e comunidades sejam tratadas com tamanha negligência.
Solicitamos, portanto, uma audiência com Vossa Excelência para apresentarmos nossas preocupações e propostas que garantam um processo de reparação justo, inclusivo e transparente, com a devida responsabilização das mineradoras envolvidas. Exigimos que nossas vozes sejam ouvidas e que sejamos incluídos nas decisões que impactam diretamente nossas vidas e comunidades.
Contamos com a sensibilidade e o compromisso de Vossa Excelência em assegurar que a justiça seja feita.
Atenciosamente,
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
O MAB segue denunciando a falta de justiça para os atingidos e o que considera como tentativas das mineradoras de minimizar suas responsabilidades. As mineradoras, por sua vez, afirmam estar comprometidas com a reparação dos danos causados, enquanto a Fundação Renova declarou que não participa das negociações de repactuação.