Alianças inusitadas entre siglas de esquerda e direita em Mariana não recebem aprovação dos diretórios regionais


Pré-candidato Juliano Duarte articulou coligação entre PSB, PT, PV, PCdoB, Novo e PL, gerando reações intensas e vetos das direções estaduais das siglas PL e Novo

02/08/2024 às 11h48

 

Em um cenário político nacional marcado por polarizações, acordos municipais entre partidos de espectros opostos têm gerado reações intensas, especialmente em cidades pequenas do interior do país. Um exemplo recente é o caso de Mariana, onde o pré-candidato Juliano Duarte, do PSB, articulou uma aliança que incluía o PT, PV, PCdoB, Novo e PL. Esse acordo foi inicialmente aprovado pelos diretórios locais e confirmado em convenção já realizada. No entanto, a divulgação do acordo gerou uma rápida reação das direções estaduais do PL e do Novo, que vetaram a união.

 

Segundo Cristiano Vilas Boas, membro do Partido dos Trabalhadores, a orientação foi de não formar coligações com o PL, mas não houve proibição explícita. Já o PCdoB, através de seu representante Dr. Alex Bailão, informou que não recebeu nenhuma recomendação do diretório estadual. No caso do Partido Novo, o Diretório Nacional já havia registrado no Diário Oficial da União, em abril, a proibição de alianças com partidos de esquerda, como a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e a Federação PSOL REDE (PSOL e REDE). Eduardo Ribeiro, presidente do Novo, destacou que essa norma é clara e coerente com a ideologia do partido.

 

Em Mariana, o PL participou da convenção com um possível candidato a vice na chapa de Juliano Duarte, do PSB, mas a ata da convenção não incluía a assinatura do presidente do PL. Domingos Sávio, presidente do diretório estadual do PL, emitiu uma nota oficial repudiando a união em Mariana devido à coligação do PSB com a Federação PT, PCdoB e PV, o que impossibilitou Dr. Rodrigo de ser vice na chapa.

 

Confira a íntegra da nota oficial do PL:

NOTA OFICIAL

O Diretório Estadual do Partido Liberal de Minas Gerais, representado pelo presidente Domingos Sávio Campos Resende, comunica respeitosamente que não será admitida a coligação com a Federação PT, PCdoB e PV nas eleições municipais de 2024.

Essa proibição visa manter a coerência nacional do Partido, seus princípios éticos e responder à comunidade política e à orientação de nossas lideranças que exigem tal postura. Dessa forma, informamos que, em caso de descumprimento desta determinação, a convenção será invalidada e destituída a Comissão Provisória do município.

Na certeza do respeito à orientação partidária, reiteramos nosso compromisso de fortalecimento de nossa agremiação e a defesa de nossos princípios liberais.

Domingos Sávio Campos Resende

 

Esse caso ilustra como as articulações políticas locais podem se chocar com as diretrizes estaduais e nacionais, revelando as complexidades das coligações eleitorais no Brasil.

 

Difícil decisão do Dr. Rodrigo Miranda

Com a entrada da Federação do PT, PV e PCdoB na coligação do PSB, houve um impedimento ideológico para alguns partidos que estavam alinhados há tempos na oposição ao governo atual, do qual a Federação participa tanto em nível nacional quanto municipal. Essa entrada de última hora deixa algumas legendas sem poder expressar toda a sua ideologia e crítica política com liberdade. Por outro lado, o Dr. Rodrigo, que esteve no programa Identidade com Roberto Verona há quatro meses e disse que colocou o nome à disposição do Juliano, (só que na ocasião da entrevista, não havia a Federação de esquerda) pré-candidato do PSB, hoje se vê numa encruzilhada, já que o PSB informou que não abrirá mão da coligação com Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), neste caso Dr. Rodrigo pode retirar o nome à disposição do PSB, já que o PL não pode participar dessa nova composição de coligação, ou continuar deixando seu nome à disposição e correr o risco de o PSB escolher um vice que nem seja da Federação. Isso demonstraria que ele nunca foi considerado pré-candidato para vice e, agora, como o Partido Novo e PL, foram descartados ideologicamente como apoiadores. 

 

No discurso na convenção do PSB no último dia 28, Dr. Rodrigo Miranda não mencionou que deixaria seu nome a disposição para ser candidato a vice da chapa com Juliano.

 

Na política de Mariana tudo é possível

Para complicar o quadro da política atual da Gaveta, no apagar das luzes, o ex-prefeito de Mariana, Roberto Rodrigues filiado ao Partido Liberal, desponta como pretenso candidato a prefeito pela sigla. No emaranhado político, essa possível candidatura poderá ter o total apoio do PSDB, que não apresentou nenhum nome na convenção. Só para lembrar: o presidente do diretório do PL em Minas é um ex-tucano , que verá com simpatia essa coligação com o tucanato gaveteiro. O mistério acaba no dia 5, já que o PSDB local não fechou a ata da convenção realizada no último dia 28, e na segunda-feira irá anunciar o nome do candidato da sigla.

 


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