Em um cenário político nacional marcado por polarizações, acordos municipais entre partidos de espectros opostos têm gerado reações intensas, especialmente em cidades pequenas do interior do país. Um exemplo recente é o caso de Mariana, onde o pré-candidato Juliano Duarte, do PSB, articulou uma aliança que incluía o PT, PV, PCdoB, Novo e PL. Esse acordo foi inicialmente aprovado pelos diretórios locais e confirmado em convenção já realizada. No entanto, a divulgação do acordo gerou uma rápida reação das direções estaduais do PL e do Novo, que vetaram a união.
Segundo Cristiano Vilas Boas, membro do Partido dos Trabalhadores, a orientação foi de não formar coligações com o PL, mas não houve proibição explícita. Já o PCdoB, através de seu representante Dr. Alex Bailão, informou que não recebeu nenhuma recomendação do diretório estadual. No caso do Partido Novo, o Diretório Nacional já havia registrado no Diário Oficial da União, em abril, a proibição de alianças com partidos de esquerda, como a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e a Federação PSOL REDE (PSOL e REDE). Eduardo Ribeiro, presidente do Novo, destacou que essa norma é clara e coerente com a ideologia do partido.
Em Mariana, o PL participou da convenção com um possível candidato a vice na chapa de Juliano Duarte, do PSB, mas a ata da convenção não incluía a assinatura do presidente do PL. Domingos Sávio, presidente do diretório estadual do PL, emitiu uma nota oficial repudiando a união em Mariana devido à coligação do PSB com a Federação PT, PCdoB e PV, o que impossibilitou Dr. Rodrigo de ser vice na chapa.
Confira a íntegra da nota oficial do PL:
NOTA OFICIAL
O Diretório Estadual do Partido Liberal de Minas Gerais, representado pelo presidente Domingos Sávio Campos Resende, comunica respeitosamente que não será admitida a coligação com a Federação PT, PCdoB e PV nas eleições municipais de 2024.
Essa proibição visa manter a coerência nacional do Partido, seus princípios éticos e responder à comunidade política e à orientação de nossas lideranças que exigem tal postura. Dessa forma, informamos que, em caso de descumprimento desta determinação, a convenção será invalidada e destituída a Comissão Provisória do município.
Na certeza do respeito à orientação partidária, reiteramos nosso compromisso de fortalecimento de nossa agremiação e a defesa de nossos princípios liberais.
Domingos Sávio Campos Resende
Esse caso ilustra como as articulações políticas locais podem se chocar com as diretrizes estaduais e nacionais, revelando as complexidades das coligações eleitorais no Brasil.
Difícil decisão do Dr. Rodrigo Miranda
Com a entrada da Federação do PT, PV e PCdoB na coligação do PSB, houve um impedimento ideológico para alguns partidos que estavam alinhados há tempos na oposição ao governo atual, do qual a Federação participa tanto em nível nacional quanto municipal. Essa entrada de última hora deixa algumas legendas sem poder expressar toda a sua ideologia e crítica política com liberdade. Por outro lado, o Dr. Rodrigo, que esteve no programa Identidade com Roberto Verona há quatro meses e disse que colocou o nome à disposição do Juliano, (só que na ocasião da entrevista, não havia a Federação de esquerda) pré-candidato do PSB, hoje se vê numa encruzilhada, já que o PSB informou que não abrirá mão da coligação com Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), neste caso Dr. Rodrigo pode retirar o nome à disposição do PSB, já que o PL não pode participar dessa nova composição de coligação, ou continuar deixando seu nome à disposição e correr o risco de o PSB escolher um vice que nem seja da Federação. Isso demonstraria que ele nunca foi considerado pré-candidato para vice e, agora, como o Partido Novo e PL, foram descartados ideologicamente como apoiadores.
No discurso na convenção do PSB no último dia 28, Dr. Rodrigo Miranda não mencionou que deixaria seu nome a disposição para ser candidato a vice da chapa com Juliano.
Na política de Mariana tudo é possível
Para complicar o quadro da política atual da Gaveta, no apagar das luzes, o ex-prefeito de Mariana, Roberto Rodrigues filiado ao Partido Liberal, desponta como pretenso candidato a prefeito pela sigla. No emaranhado político, essa possível candidatura poderá ter o total apoio do PSDB, que não apresentou nenhum nome na convenção. Só para lembrar: o presidente do diretório do PL em Minas é um ex-tucano , que verá com simpatia essa coligação com o tucanato gaveteiro. O mistério acaba no dia 5, já que o PSDB local não fechou a ata da convenção realizada no último dia 28, e na segunda-feira irá anunciar o nome do candidato da sigla.