Contar a história de toda uma comunidade por meio de imagens e depoimentos. Esse é o objetivo do museu virtual “Mariana Território Atingido”, que registra o que ocorreu com as vítimas do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, Vale e BHP. A tragédia aconteceu em novembro de 2015, com os rejeitos da mineração atingindo o subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas.
O lançamento marca a conquista dos moradores ao direito à Assessoria Técnica Independente (ATI). O programa oferece suporte integral e foi garantido com o apoio do Ministério Público de Minas Gerais e do Ministério Público Federal, em 2016.
De acordo com a coordenadora operacional da ATI da Cáritas, que atua em Mariana, Laís Jabace, os trabalhos com a comunidade variam desde reuniões para organizar as pautas dos moradores a assessoria jurídica e vistorias nas novas casas que estão sendo construídas pela Fundação Renova.
Para Mirella Regina Sant’Ana, de 24 anos, o museu virtual é um marco importante para contar a história dos atingidos após o rompimento da barragem e a invasão da lama à comunidade de Bento Rodrigues. Ela afirma que soube do projeto em janeiro deste ano e, desde então, junto com a mãe, vem trabalhando para a construção do site.
A jovem afirma que “não deixar essa história morrer” é o principal objetivo daqueles que foram atingidos pelo desastre, uma vez que muitos ressarcimentos ainda não foram feitos, como o pagamento de indenização para toda a população e a construção do assentamento chamado de Novo Bento Rodrigues.
“Eu espero que (o site) possa alcançar mais pessoas e que elas se abram um pouquinho para ver essa nova e essa outra realidade do que a gente está passando ainda. Não só contada pelas empresas, mas sim um pouquinho do nosso coração, da nossa realidade, do que a gente ainda tá passando aqui quase sete anos após o rompimento da barragem”, disse Mirella.
Mapa
Além de relatos como o de Mirella, o site ainda vai contar com um mapa construído pelos assessores da Cáritas e os moradores atingidos, onde mostra o que existia antes da lama tomar conta do terreno. Eram casas, igrejas, currais e plantações que deixaram de existir a partir de novembro de 2015 e que, agora, serão relembrados.
A coordenadora operacional da ATI da Cáritas explica que o mapa foi elaborado a partir de imagens atuais de satélite, que mostram o dique que conteve o percurso da lama.
A exposição será inaugurada nesta terça-feira (24), às 8h30, no teatro do Colégio Santo Agostinho, na região Centro-sul de Belo Horizonte, e na sexta-feira, 3 de junho, às 18h, no auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade de Ouro Preto (Ufop), em Mariana.