O produtor rural atingido Waldir Pollack e a analista de socioeconômico da Fundação Renova, Bruna Marcatti participaram do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia, onde falaram da experiência de revitalização das paisagens a partir de uma perspectiva agroecológica.
Durante os dias 4 a 7 de novembro, em Aracaju (SE), o Congresso Brasileiro de Agroecologia – Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares tratou de temas como a apropriação de tecnologias sociais para o campo, a troca de saberes entre agricultores por meios do Método Camponês a Camponês, a educação do campo e a produção de alimentos saudáveis.
Com mais de duas décadas de dedicação à prática da agricultura sustentável na região, Pollack, um incentivador e propagador dos benefícios de uma alimentação saudável, livre de agrotóxicos e de outros produtos químicos, contou um pouco da experiência em sua propriedade rural atingida pelo rompimento da barragem de Fundão.
Para o produtor rural, a oportunidade de participar do Congresso foi muito construtiva. “Foi uma experiência muito boa, todos os agricultores deveriam participar. A gente aprende muita coisa, são várias culturas diferentes. É a união do Brasil inteiro. E ver vários jovens e estudantes envolvidos é muito bom. A gente sai de lá feliz da vida”, diz.
Pollack e Bruna Marcatti relataram a experiência no painel “Rede de Agroecologia do Gualaxo: ressignificação do território, pelos atingidos da barragem de Fundão em Mariana (MG)”, para um público de pesquisadores, estudantes, técnicos e agricultores.
De acordo com a analista, a Fundação Renova se propõe a construir coletivamente, com os produtores rurais, a Rede de Agroecologia do Gualaxo para a reparação do território. “Estamos ressignificando a existência dos agricultores que, embora na condição de atingido, querem permanecer no território, ocupar cada espaço de terra, produzir itens saudáveis para sua família, gerar vida e fincar raízes cada vez mais profundas nesses locais. Eles conseguem compreender o poder da resiliência da natureza e da biodiversidade”, afirma.
Por meio do diálogo entre os diversos participantes, foi possível construir uma rede de saberes. Entre os temas discutidos no evento, estão os desafios dos cortes de verbas para as pesquisas de cunho ambiental e social, a falta de investimentos na agricultura familiar, os desastres socioambientais e a implantação dos sistemas agroalimentares e agroecológicos como forma de resistência nos territórios, frente ao avanço da lógica de produção baseada na exploração dos recursos naturais e do trabalho humano.
Foto:Roberto Verona