Após escutar uma conversa marcante na rádio Band News, o jornalista Roberto Verona reflete sobre ansiedade, metas não cumpridas e a pressão emocional que toma conta do fim de ano.
Dias desses, escutei uma entrevista na rádio Band News que me pegou de jeito. Sabe quando você está no carro, ou fazendo qualquer outra coisa, e de repente para tudo porque o assunto acerta direto no seu momento de vida? Pois foi assim. A apresentadora Patrícia Rocha conversava com a especialista em felicidade corporativa, Lorena Vilar, sobre um termo que, até então, eu achava brincadeira: dezembrite.
E, olha… fez todo sentido.
A tal “síndrome de final de ano” não é invenção. Segundo Lorena, estudos internacionais mostram que 80% das pessoas economicamente ativas chegam a dezembro com mais estresse e ansiedade. A Associação Brasileira de Psiquiatria ainda aponta um aumento de 15% a 30% nas crises de ansiedade nessa época. Ou seja: não é frescura, não é drama — é real.
A armadilha das expectativas
Enquanto eu ouvia, fiquei pensando naquelas listas de metas que a gente faz em janeiro, cheias de planos, ousadias e promessas. Quem nunca, né?
E aí chega dezembro… você olha para a lista e percebe que cumpriu duas, três, quando muito. O resto ficou no papel. E, claro, vem o autojulgamento.
Lorena explicou algo que me marcou:
92% das pessoas não conseguem cumprir o que prometeram a si mesmas no começo do ano.
Ou seja, os posts inspiradores que vemos nas redes sociais representam só 8% da vida real — literalmente.
E é justamente aí que a dezembrite aperta. A comparação com o outro, com as conquistas alheias (sempre editadas, claro), vai minando a nossa própria percepção de avanço.
Confesso: me identifiquei.
O ciclo é emocional — e profissional também
A especialista lembrou que somos seres integrais: o que sentimos na vida pessoal respinga no trabalho, e vice-versa.
O acúmulo de pressões, finalização de entregas, metas não cumpridas, balanços emocionais, reflexões sobre o ano… tudo converge.
E a gente simplesmente tenta dar conta de tudo — sem notar que está carregando mais peso do que deveria.
Como aliviar o fim do ano? Algumas lições que tirei da entrevista
A fala da Lorena me deixou com alguns pontos martelando:
1. Gerenciar emoções é diferente de “não sentir”
As emoções vão vir — e tudo bem. A questão é aprender a lidar com elas.
2. Dizer “não” é autocuidado
Limitar compromissos, recusar excessos, priorizar o que realmente cabe no seu tempo — isso não é egoísmo, é sobrevivência mental.
3. Celebrar pequenas vitórias muda tudo
A gente é treinado a olhar o que faltou. Mas e o que avançou?
Talvez o ano não tenha sido épico, mas certamente teve passos importantes — mesmo que pequenos.
4. O corpo fala
Sem descanso, sono e rotina minimamente saudável, o emocional só piora.
Uma caminhada, um café em silêncio, ouvir uma música, dançar, desligar — tudo isso conta.
5. Conexões importam mais do que qualquer meta
Lorena citou um estudo de Harvard que acompanha pessoas há mais de 80 anos.
Conclusão? Relacionamentos positivos são o principal fator de longevidade e bem-estar.
No fundo, o que sustenta a gente não é o número de metas cumpridas, mas as pessoas com quem atravessamos o ano.
Por que essa entrevista ficou comigo
Talvez porque, assim como muita gente, eu também sinto o peso desse mês.
Aquela mistura de pressa, balanço, cobrança e expectativa.
Mas ouvir a entrevista me lembrou que dezembro não precisa ser um tribunal anual — pode ser só um capítulo. Um dos muitos.
E que olhar com mais gentileza para aquilo que não fiz pode ser tão importante quanto agradecer pelo que consegui realizar.
Se você também anda sentindo essa onda emocional do fim do ano, saiba: não é só você.
E tudo isso pode ser mais leve do que parece.








