Evento também celebrou 280 anos da Arquidiocese, retorno do histórico órgão Arp Schnitger e os 40 anos de ordenação do arcebispo Dom Airton José.
Patrimônio histórico em risco
Durante o lançamento do projeto Sons do Sagrado, realizado nesta quarta-feira (22) na Cúria Metropolitana — antigo Palácio dos Bispos, em Mariana — o secretário de Patrimônio Cultural e Turismo, Eduardo Batista, que também preside o Conselho Municipal do Patrimônio (COMPAT), anunciou o início das obras de restauração emergencial da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos da Arquiconfraria de São Francisco, situada na Rua Dom Silvério.
A decisão foi aprovada na última terça-feira (21), durante reunião ordinária do COMPAT, após técnicos constatarem risco iminente de colapso estrutural no edifício histórico.
“A situação é grave e exige uma resposta rápida. A Igreja da Confraria tem um processo de captação de recursos via PAC, mas aguardar o trâmite seria arriscado diante da possibilidade real de desabamento”, afirmou Eduardo Batista, secretário de Patrimônio Cultural e Turismo.
Recursos e prazos definidos
A restauração será viabilizada com mais de R$ 1,8 milhão em recursos já disponíveis.
Desse total, R$ 1,3 milhão foram devolvidos ao Fundo Municipal de Patrimônio Histórico pela Arquidiocese de Mariana, fruto de economias e investimentos anteriores, e R$ 500 mil vêm de recursos do próprio COMPAT.
O cronograma prevê início das obras em até 30 dias e conclusão da etapa emergencial em 180 dias. Nesta fase inicial, os esforços estarão concentrados na recuperação do telhado, principal ponto de comprometimento da estrutura.
“Estamos correndo contra o tempo, já que nos aproximamos do período chuvoso. Nossa expectativa é que, durante essa etapa emergencial, o projeto principal consiga aprovação no PAC, garantindo a restauração completa da Igreja da Confraria”, explicou o secretário.
Celebrações do projeto Sons do Sagrado
O anúncio ocorreu durante a solenidade de lançamento do projeto Sons do Sagrado, que celebra marcos importantes da história religiosa de Mariana:
- 280 anos de criação da Arquidiocese de Mariana
- 277 anos da chegada do primeiro bispo, Dom Frei Manuel da Cruz
- 40 anos de ordenação presbiteral do arcebispo Dom Airton José
- Retorno do histórico órgão Arp Schnitger, após restauração na Europa
A cerimônia começou com um café colonial mineiro oferecido pela Arquidiocese. Em seguida, o mestre de cerimônias Dr. Efrain Rocha apresentou os detalhes do projeto, que tem como objetivo promover ações culturais, musicais e religiosas ligadas à tradição sacra e à preservação do patrimônio.
Durante o evento, o público pôde interagir com o arcebispo Dom Airton José, o reitor da Catedral, padre Geraldo Buziani, e a arquiteta responsável pela restauração do órgão Arp Schnitger, Dra. Deise Lustosa.

O órgão, construído por volta de 1701 e presenteado pelo rei Dom João V de Portugal à então Diocese Primaz de Minas, é considerado o único exemplar desse modelo fora da Europa — um dos maiores símbolos do patrimônio musical e religioso do Brasil.
Preservação e legado cultural
A iniciativa reforça o compromisso de Mariana com a preservação de seu patrimônio histórico e artístico.
Com a união entre poder público e Arquidiocese, a cidade reafirma seu papel como referência nacional na conservação de bens culturais e religiosos.
“A Arquidiocese tem atuado com responsabilidade e compromisso, respeitando os trâmites legais e contribuindo ativamente para a viabilidade do projeto”, destacou o secretário Eduardo.
Com a restauração emergencial da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos e o retorno do órgão Arp Schnitger, Mariana celebra não apenas sua história, mas também o futuro da memória e da fé mineira, garantindo que os próximos capítulos sejam escritos com o mesmo respeito ao seu legado tricentenário.